Assistir Rocky Balboa foi uma bela experiência. Embora a crítica tenha rido dos trailers , Sylvester Stallone se supera mais uma vez pelo coração que toma conta da fita. Stephen Holden (The New York Times, 20/12/06) refere-se a uma fábula (veja) e é exatamente o que se passa na história do sexagenário bi-campeão mundial dos pesos pesados, dono de um restaurante mais ou menos famoso no mesmo bairro de sempre, agora totalmente depredado e dando a exata idéia de que o tempo passou para ambos: a vizinhança e Rocky Balboa. Talvez a eficiência do enredo esteja neste detalhe; o lutador jaz no passado e os tempos são outros. Por essa razão é que temos a nítida impressão de que o garanhão italiano, como a fênix grega, renasce das cinzas.
O lutador durão não esconde a ternura. "É cheio de coração". A história se arrasta por um bom tempo e parece que é de propósito. Entre o início aparentemente despretensioso e o final comovente, há um meio de filme que mostra um homem duro com um "porão" abarrotado dos sentimentos mais confusos possíveis. É a história de todos nós, acho. Ao entrar no cinema, mesmo que de nariz torcido para o grandalhão de boca torta, talvez não se desconfie que haverá uma identificação positiva com a personagem (veja).
Já diziam que a vida imita a arte e a arte imita a vida. Há paralelo, há relações estreitas entre o real e o imaginário. É, meus amigos! Não há como escapar de nossas próprias dores ao assistir Rocky apanhar na cabeça para provar a si mesmo que continua vivo. A cena mais comovente se passa no encontro do ex-campeão com seu cunhado. Ao perguntar a Rocky o que se passa dentro de seu peito Polie provoca lágrimas na montanha de músculos - e nos que assistem à cena também. Eu chorei... só um pouquinho! Chorei um tantinho mais quando um lutador moído pelas experiências, em uma discussão com o filho medroso, diz que a vida bate duro...
A música famosa faz juz à nossa expectativa de vencer em meio às dificuldades, assunto tão batido quanto a religião da auto-ajuda. A única coisa a lamentar é a ausência total de Deus nessa história. Sem Ele nenhuma de nossas lutas faria sentido.
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