segunda-feira, 4 de maio de 2009

Mas aí é querer demais

Um belo dia a raça humana percebeu que não sabia nada sobre nada. Por quê chove, tem raios, os rios enchem e depois a água baixa, por quê nascemos, por quê vivemos e, enfim, por quê morremos?

Minha filha passou da fase das perguntas. Fico com saudade da época em que vinha uma questão por minuto.

Um belo dia começam outros "por quês". Por quê isso? Por quê aquilo? Os por quês da adolescência.

A dúvida sempre caminhou lado a lado com o homem em sua aventura na Terra. E a inquietação do Homo Sapiens transformou-o em um caçador de respostas. Assim nasceu a ciência tal qual a conhecemos hoje.

Entretanto muitas repostas foram forjadas na crença. Tudo começou há muitos séculos, mas me parece que a grande alavanca dessa tendência ocorreu na Grécia.

De lá para cá as respostas místicas são tão bem aceitas que são fortes o suficiente para desafiar as respostas da ciência.

Mas o meu objetivo neste texto não é desafiar nem um nem outro - fé e ciência. O que quero colocar em evidência (como se fosse necessário) é a forma habilidosa com a qual alguns líderes religiosos utilizam a sede humana por conhecimento em proveito próprio.

Seria bem mais fácil colocar todo mundo na Universidade e transformar sombras em luz. Seria mais lógico, mas não acontece assim. Por causa de uma série de fatores a esmagadora maioria da humanidade não tem acesso ao conhecimento mais elementar produzido por homens pensantes. Por causa dessa situação tornam-se presas fáceis de aproveitadores que explicam tudo, absolutamente tudo (doenças, morte, vida, nascimento, dor de dente, pobreza, riqueza, acidente de avião, fila de banco, nevoeiro ao amanhecer, a alta do leite A, a guerra no Oriente Médio, a fumaça em forma de santo etc, etc, etc, etc) com fábulas maravilhosas e muito fáceis de engolir. Muito gostosas de engolir. Enchem a cabeça e esvaziam o cérebro.

Tudo isso seria maravilhoso, afinal de contas gente pedindo para ser iludido tem aos montões. O problema é o desenrolar dessa situação de escravidão e ignorância: líderes espirituais cada vez mais ricos, andando de carro importado, ganhando salários dignos de diretores de multinacionais enquanto o rebanho estica o salário no mês super longo e anda de busão com vale transporte "cedido" pela firma.

Por quê? Por quê chove? Por quê caem os raios, morremos, nascemos, vivemos, sentimos dor, sofremos, somos ricos, somos pobres? De onde viemos, para onde vamos? Qual a razão da nossa existência?

Seria muito bom buscarmos respostas juntos, como muita gente se propõe a fazer e faz. Seria muito bom se os aproveitadores de plantão disponibilizassem uma pequenina parcela do dinheiro amealhado dos fiéis para incentivar a pesquisa científica.

Mas aí é querer demais...

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