sábado, 27 de junho de 2009

Quando a morte pode ser generosa

Esta é uma singela contribuição do meu grande amigo da faculdade, o Paulo. Graaande Paulo...

Sempre que um ente querido morre questionamos sobre o sentido da vida, a razão pela qual vivemos, lutamos, sofremos, choramos, trabalhamos. Fazemos uma auto avaliação de nossas vidas e procuramos mudar o que está errado. “Para que nos enervarmos, brigarmos, avançarmos o sinal vermelho, ultrapassar na contramão, pressa, todas as neuroses do dia a dia, para quê? Para tudo acabar desse jeito?” Mas isso dura pouco, sem perceber passamos a cometer os mesmos erros, a vida continua, não há tempo a perder.
A morte, companheira inseparável do ser vivo é encarada como algo ruim, frio, cruel e injusto. E assim o é para nós, pobres mortais, que fatalmente passamos pela vida sem deixar vestígios, nada além de uma pequena lápide. Sentiremos saudades dos entes que partiram, deixaremos saudades aos que ficarão, mas poucos lembrarão de nós. Assim deviam pensar os faraós do Antigo Egito. Sabiam que a vida mundana seria passageira, medíocre, frágil, então construíam enormes templos post mortem para que permanecessem vivos, para que todas gerações futuras tivessem ciência de seu poder, de sua força, e os temessem.
Mas a morte pode ser generosa, sim. E assim ela o é para com os ídolos, transformam-nos em mitos, fazendo com que vivam para sempre. E os mitos são perfeitos, sem falhas, e nada melhor para um mito que estes permaneçam assim.
E assim foi com o “ídolo” Michael Jackson. “O Rei do Pop”, o artista que revolucionou o show business mundial, que estabeleceu o “AM/DM” da era do vídeo clipe, e talvez o último a vender 100 milhões de cópias de um único álbum (a palavra 'álbum' pode soar estranha para as gerações mais novas), um artista completo, ao mesmo tempo um ser humano frágil, uma criança adulta, um adulto infante. Para seus fãs, o ídolo permanecerá dessa forma: completo, controverso, intacto, livre de suas fraquezas materiais, das aflições da vida comum, mas ao mesmo tempo, uma incógnita. A mesma incógnita que pairará sobre o seu retorno aos palcos. Sucesso? Fracasso?
Como faraós modernos, esses mitos constroem suas pirâmides, pirâmides essas em forma de livros, discos, quadros, conquistas, medalhas. Dentro dessas pirâmides estarão imortalizados para todo o sempre, permanecerão vivos na memória das gerações futuras.
Se a morte cruel, fria, injusta, levou embora o ser humano Michael Joseph Jackson, a morte generosa levou o artista Michael Jackson, antes de termos a oportunidade de ver o seu possível fracasso, de descobrirmos que o ídolo havia se despedaçado.

RIP, Michael

Um comentário:

Paulo disse...

É isso,

The King is dead........

Paulo.