domingo, 14 de março de 2010

A igreja e um show de Rock

O show da banda norteamericana Guns N Roses me ensinou muitas coisas. A mais importante é o fato de que um grupo de pessoas, tenha o tamanho que for, pode viver e conviver em harmonia se compartilharem da mesma paixão.

No último sábado passei 10 horas com pessoas que nunca vi. Elas tinham todas as idades, desde menores de 12 até os vovôs e vovós passando de seus 60. Muitos, roqueiros vestidos a caráter, comportavam-se qual criancinhas a conhecer a praia na primeira vez com uma efusão de sentimentos bons. Outros tantos subiam as arquibancadas e assentavam-se devagarzinho, olhando tudo, boquiabertos, meio rindo, meio bobos, não conseguindo acreditar onde estavam nem para o quê estavam. Vi essa fisionomia em garotões e garotonas com mais de 50. Uma moça do nosso lado passou todas essas horas sozinha, sem ninguém, e curtiu cada momento do espetáculo da melhor maneira que pôde. Não foi importunada, não foi cantada, não a ofenderam. O clima era de regozijo, parecia uma igreja.

Quando deixei a igreja no final de 2007 percebi reações de pesar, preocupação e decepção. Muitos simplesmente ignoraram. Mas uma das preocupações mais comuns e mais infundadas basea-se na crença de que deixei o "Reino de Deus" para ir para "o mundo". Como ovelha perdida, desgarrada, negra, estou fadado a vagar pelo "Vale da sombra da morte" até "me arrepender" e regressar como o filho esbanjador.

Neste sábado partilhei do "mundo". E lá encontrei - quem diria! - pessoas normais, daquele tipo que faz coisas normais.

Não encontrei pessoas piores que qualquer membro de igreja que canta, ora e toma a ceia com semblante contrito e que é repentinamente acometido de uma providencial amnésia quando passa pela porta do "templo" ao término do "culto" , entregando-se aos mais coloridos devaneios e conversas putrefatas nos porões de suas consciências.

Quem dera a igreja fosse do mundo. Assim saberia como é viver de forma transparente. Assim ela não se esconderia em sua pseudo santidade que funciona só entre quatro paredes (e muitas vezes nem dentro delas).

Um comentário:

e.a.david disse...

Fala Fernando pensador!!!

Cara, quem sabe um dia, além do blog vc venha a escrever um livro e autografe o meu exemplar!?!?!?
Li a última matéria em seu blog, gostei muito do paralelo que fez entre um show de rock e o show da fé (se me permite chamar assim?) a igreja.
Porém, não posso deixar de fazer aqui minha singela observação: Eu vejo a igreja e até vou fazer um paralelo com um hospital, onde por sua porta passam todos os tipos de pessoas com as suas mais diversas enfermidades. Nesse ambiente é encontrado todo o tipo de ser humano e todos os níveis sociais, de todas as idades, de diversas formações intelectuais, e etc. Mas a pergunta crucial para entender meu pensamento é: O que todos fazem ali? Na sua grande maioria, estão à procura de saúde, de se livra do mal que lhe acometeu, atrás de cura, de um remédio, mas para que isso ocorra, neste mesmo ambiente existem aqueles que estão gozando de perfeita saúde e que estão ali para ajudar os enfermos, são eles, os profissionais da saúde, desde os atendentes do balcão de recepção até o diretor geral da instituição. Todos convivendo "como na igreja" no mesmo lugar.
Eu vejo aqueles que precisam de cura física igualmente como àqueles que precisam de cura espiritual. E nos sabemos que tanto no hospital, quanto a igreja isso está cheio.
Não escrevo para lhe contrariar ou para julgar o que escreveu, ou a igreja, ou hospital, ou qualquer outra coisa, mas sim, para deixar claro aquilo que penso... Creio que estamos vivendo hoje uma verdadeira pandemia espiritual, onde, até aqueles que deveriam estar gozando de perfeita saúde “os profissionais da saúde – Pastores” estão carente de cura, e com isso, os charlatões da “medicina” estão se proliferando.
Sendo assim só me resta usar as palavras do Ap.Paulo: Portanto, quem pensa estar de pé veja que não caia (1ªCo 10:12), e assim continuar minha lida salgando o que tiver insípido.
Um grande abraço do seu amigo EDUARDO!!!