domingo, 2 de maio de 2010

O mundo e "o mundo"

Quantos mundos existem? Depende, mesmo porque a definição de mundo é bastante variada. Creio mesmo que não dá para encontrar uma definição correta, concreta, porque há vários mundos.

Aqueles que perscrutam áreas inexploradas do Universo o fazem com a intenção de encontrar outros "mundos", habitados ou não, seja com vida inteligente ou não. E posso arriscar, leigo que sou, que há diversos e variados mundos dentro de cada um de nós e para cada atividade ou situação um deles nos vale.

O texto abaixo é resultado de uma sadia discussão com um grande amigo, o Eduardo. Por sua sugestão posto aqui um e-mail que enviei para ele em resposta a uma definição metafórica que ele deu para a Igreja.

Segue:


Caro amigo Eduardo,

Eu entendo seu ponto de vista e concordo com ele. É mais uma das formas didáticas de explicar um pouco o que é a igreja, sua natureza e para quê ela serve.

Entretanto o texto do blog tinha o objetivo de confrontar dois “mundos diferentes”.

Falam que o mundo é “O mundo”, secular, separado da igreja, uma espécie de lugar com pessoas de “outra espécie”, também separadas, seculares e “DO mundo”.

Em contraste, “O mundo” da igreja seria diferente. Uma realidade de pessoas diferentes, separadas também mas com um propósito diferente. Um lugar de seres especiais e privilegiados que não “se misturam” com o mundo lá de fora.

O mundo da igreja está em oposição em relação ao mundo “lá fora”. Os de dentro não se vêem como iguais aos de fora. Uma barreira enorme de ignorância levantou-se entre esses dois mundos e um não conhece o outro direito. Fica cada um do seu lado, lançam olhares desconfiados e, vez por outra, fazem ataques mútuos. Os de dentro e os de fora julgam-se diferentes, quando na verdade são iguais. São homens, mulheres, crianças, jovens, adolescentes, velhos. Têm um país, uma cultura, uma língua. Trabalham, estudam, nascem, ficam doentes, morrem. Têm vícios e virtudes. Fazem coisas certas e cometem muitos erros. Mas acreditam que são diferentes e isso se dá porque não se conhecem. E não se conhecem porque fica cada um do seu lado alimentando preconceitos e ódios.

O show do rock, no texto, é uma metáfora de “O mundo”. A igreja do texto não é metáfora, é a realidade que eu e você conhecemos bem.

Fiz a crítica unilateral, do mundo para a igreja, mas ela serve muito bem no sentido contrário também.

De fora para dentro: é o que eu disse. Muita gente na igreja aponta o dedo acusatório em direção ao “mundo exterior” e não se dá conta que lá dentro há EXATAMENTE o mesmo tipo de comportamento. É a velha anedota do macaco que senta sobre seu rabo para falar mal do rabo do vizinho.

De dentro para fora: Os "incrédulos" discriminam os religiosos, os crentes, mas não conhecem a verdadeira essência da fé, da relação homem-Deus, o verdadeiro sentido da religião – do religare. Também sentam-se sobre seus rabos e falam mal do rabo alheio.

A carapuça serve para ambos os lados e o que eu defendo nas entrelinhas do texto é a desmistificação da religiosidade para que o crente pare de se comportar como um ser "superespecial-cheiodepoderes-queridinhodeDeus-perfeito-quenãofaznadaerradonunca" e comece a entender o que o Raul Seixas diz em sua letra de “Ouro de Tolo”:

“É você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...”

(Baixe a música que é muita engraçada, além de contar certas verdades)

Minha proposta, explícita no texto, é que a igreja entenda melhor sua natureza humana e pare de viajar na maionese achando que vive em uma redoma. Que ela compreenda que está cheia das coisas podres que existem lá fora, que essa podridão a acompanha desde o início de sua História e que tal fato a torna, sobretudo, humana. Tão humana quanto sua cara-metade “lá fora”.

2 comentários:

e.a.david disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
e.a.david disse...

Fala meu chapa!?
Estou vendo que seguiu minha sugestão! Pois é, percebo que estou virando um tipo de mentor intelectual de um grande escritor!!! Kaaakkkk
Um grade abraço de seu amigo e companheiro de muitas trilhas e aventuras EDUARDO.